Anderson Braga Horta
In: Testemunho & Participação: Ensaio e Crítica Literária.
Thesaurus, Brasília, 2005.
Originariamente, notas
para um encontro
com estudantes da UnB,
em 8.10.1980
É
bom para um poeta, no meio do caminho, parar um pouco e rever alguns de seus
passos; o que tem pensado e o que tem realizado em matéria de poesia. É bom para o investigador do fenômeno poético
ouvir o depoimento dos poetas, mesmo —e talvez principalmente, porque não
contaminados de parti pris— quando
lhes falte um sólido embasamento teórico.
É bom seja colhido o testemunho tanto dos poetas maiores quanto dos
menores, ainda que apenas para confirmação do contraste. Por último, e à parte toda vã filosofia, a
verdade é que, a esta altura da vida, é bom lembrar... E é isto que faço, para atender ao convite
amigo e honroso de Heitor Martins e a pretexto de dizer qualquer coisa, perante
estudiosos da matéria, sobre minha experiência no campo da poesia. Pretendo fazê-lo resumidamente, como convém,
e aproveitando fatos de minhas circunstâncias pessoais para recolocar em debate
alguns problemas da criação literária.
Lanço-os, bem sei, condicionados pela minha ótica; assim, deve esta ser
igualmente objeto do debate.
Os Versos mais Tristes do Mundo
O primeiro
contacto que me lembra ter tido com a poesia foi a leitura do “Pequenino
Morto”, de Vicente de Carvalho, em Vila Boa de Goiás, aí pelos meus oito
anos. Chorei como criança que era.
Hoje,
relendo o poema, percebo como o poeta conseguiu, com extrema habilidade, dar ao
hendecassílabo junqueiriano a tristeza exigida pelo assunto (à parte o fato de
o assunto infundir sua tristeza no verso utilizado). Ouçamos a estrofe inicial:
Tange
o sino, tange, numa voz de choro,
Numa voz de choro... tão
desconsolado...
No caixão dourado, como em
berço de ouro,
Pequenino, levam-te
dormindo... Acorda!
Olha que te levam para o
mesmo lado
De onde o sino tange numa
voz de choro...
Pequenino, acorda!
Comparemos
os versos do poeta santista com estes hendecassílabos de Guerra Junqueiro:
Vêm sanguinolentos gritos
moribundos
Das soturnidades torvas do
horizonte!
Ou com estes, também do autor de Os Simples:
Ai,
há quantos anos que eu parti chorando
Deste meu saudoso,
carinhoso lar!...
Foi há vinte?... há
trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me
estás fitando,
Canta-me cantigas para me
eu lembrar!...
A
estrutura é a mesma em todos esses versos —tônicas na 5.ª e, naturalmente, na
11.ª sílaba—, e notabilizou-a o bardo lusitano.
Quase sempre, os versos dos poemas citados têm acentos secundários na
3.ª e na 9.ª Não obstante, o andamento
dos de Junqueiro é mais rápido que o dos de Vicente de Carvalho. Por quê? Tão-só pela influência do
assunto? Haverá outros elementos
influidores: a dimensão, a estrutura e o timbre dos vocábulos, o sistema
rímico, a estrofação...
Lugar da Prosa
Li muita prosa também, desde Vila Boa, mas
principalmente em Goiânia, onde prestei o exame de admissão e freqüentei o
primeiro ano do Ginásio. Recordo uma página de Humberto de Campos que me
entristeceu quase tanto quanto o poema de Vicente de Carvalho; nela, o
contista-cronista narra, na primeira pessoa, episódio em que se confessa autor
de um furto, na verdade um pequenino furto, quando menino. Fiquei consternado.
Da mesma época foi o conhecimento de um livro, tradução do inglês, decerto
(acredito ter visto, bem mais tarde, um filme nele baseado), e cujo título
seria O Homem Miraculoso (ou O Homem que Fazia Milagres?);
faltavam-lhe capa e folha de rosto, não fiquei sabendo quem era o autor; mas
foi uma leitura iniciadora. E que dizer dum livreco, também sem capa,
intitulado A Boceta de Pandora? Era muito criança, mas tinha já algumas
iniciações, e fiquei aturdido e indignado com a possibilidade de se publicar e
distribuir, supostamente para a infância, literatura desse desavergonhamento.
Em Goiânia, li tudo
o que pude encontrar sob os olhos. De Nietzsche (Ecce Homo, Assim
Falava Zaratustra) a Érico Veríssimo (Clarissa, Gato Preto em
Campo de Neve) e desses a... Suzana Flag. Minha Mãe pegou-me (até porque
não o fazia escondido) lendo Meu Destino É Pecar, de um Nélson Rodrigues
encapuzado no pseudônimo feminino. O romance era tão excitante que as últimas
páginas vinham com um lacre. Mamãe teve a sabedoria de não me proibir a
continuação. Apenas disse que não era literatura das mais indicadas para minha
idade, mas, já que eu estava mesmo a folhas tantas... (Como voou o século XX!
Poucas décadas depois, aquelas páginas proibidas poderiam ser
consideradas literatura para mocinhas...)
Quanto à literatura
própria ou impropriamente infantil, de tudo o que me veio às mãos, incluídas as
grandes obras de prestigiosa extração européia, nada se comparava à de Monteiro
Lobato, que, pelo meu voto esclarecidíssimo de menino devorador de livros,
ficava ¾onde fica até
hoje¾ no ápice da
escala. (Tirante apenas as histórias que Mamãe, à beira de nosso leito, à
noite, em Goiás, improvisava para nós cinco.)
Falta mencionar as
histórias em quadrinhos. Lia tudo que era gibi, guri, globo juvenil mensal e o
mais que havia nas bancas. Por influência delas meti-me a desenhar. No pátio do
Dom Bosco e, mais tarde, em Manhumirim, na rua entre a casa de meus avós e o
Pio XI, distraído rabiscava na areia ou na poeira os meus heróis prediletos.
Tirei um zero em Matemática por debuxar em classe, e no caderno da matéria, uns
traços femininos. Cheguei mesmo a idear e desenhar uma historieta em quadrinhos
no estilo homérico das que lia...
Por que esta longa
digressão? Porque todas essas leituras me refinaram e enraizaram o hábito de
ler. E porque a poesia, afinal, não vive exclusivamente nos versos.
O Poeta Vulcânico
Segundo contacto
lembrado com a poesia: leitura do Tesouro da Juventude, em Manhumirim,
Minas Gerais (a partir de 1947). Então,
o grande impacto foi Castro Alves, especialmente pel’“O Navio Negreiro”, que,
de tanto ler, acabei decorando. Aqui, em
vez da tristeza do poema de Vicente, a euforia, o entusiasmo do moço baiano.
Comecei
a desejar ser poeta. Por imitação? Claro que sim. Meus Pais eram poetas. Castro Alves, conhecimento recente, me acenava
com um ideal de beleza que, aos poucos, me fui impondo por meta. E por aí já se vê que não era só
imitação; havia também um desejo de
realização. Realização no plano
espiritual, mais especificamente, no plano estético... sem falar no apelo
político-social que é uma das características da poesia de Castro Alves.
As Primeiras Tentativas
Quando me dispus
a tentar o poema, estava no 3.º ou 4.º ano ginasial do Colégio Pio XI, em
Manhumirim. Começava a estudar
versificação, e isso prejudicou os meus primeiros ensaios: não aprendera a diferença entre sílaba
gramatical e sílaba métrica; deste modo,
ainda que o poema agradasse ao ouvido, não se revelava uniforme à contagem das
sílabas, e eu então o violentava para “dar certo”. Não dava, o resultado tinha de ser
antimusical.
Guardo,
dessa época, episódio dos mais pitorescos, narrado, aliás, em um de meus
primeiros contos. Meu professor de
Português, um padre sisudo e, quanto posso avaliar retrospectivamente, bom
conhecedor do idioma, iniciava-nos nas técnicas da versificação. Tendo-nos explicado (tão bem quanto se
verá...) a ciência da escansão; tendo-nos apresentado o alexandrino, e
desvendado que se tratava de um verso de doze sílabas, passou à
exemplificação. Não foi feliz na
escolha: o verso “Era uma tarde triste,
mas límpida e suave...” (do poema “A Boa Vista”, de Castro Alves) revelou-se
refratário ao espartilho dodecassilábico.
Por mais que o mestre contasse e recontasse, o total dava treze
sílabas. Em desespero de causa, decidiu
contar de trás pra diante: “Su/a/ve
e/lím/pi/da/mas/tris/te/tar/de u/ma era”.
Deu
doze sílabas (“Ah! eu não disse?”).
De como a Geografia Pode Influir numa
Vocação
Concluído o
ginásio, meu Pai pôs-me num carro e rumamos para o Rio, onde deveria
matricular-me num colégio. Mas, passando
por Leopoldina, onde estudara, lembrou-se dos velhos tempos, da boa tradição do
Colégio Leopoldinense, e hesitou.
Lembrou-se também de que em Cataguases, cidade próxima, havia um colégio
moderno (pela arquitetura de Niemeyer, pelo sistema de internato com
apartamentos para dois ou três alunos, por um famoso painel de Portinari sobre
a Inconfidência — painel que, por sinal, esteve em exposição em Brasília, há
alguns anos, num dos salões do Congresso Nacional). Fomos a Cataguases. Acabei, porém, ficando em Leopoldina. Hão de ter pesado na decisão (que deveria ter
sido minha, mas que transferi, por não saber que opção tomar) as boas recordações
da juventude que a cidade provocava em meu Pai.
Não
sei que caminho teria tomado, se é que algum caminho haveria de tomar, quanto à
poesia, caso tivesse ido imediatamente para o Rio. A propósito da escolha entre Cataguases e
Leopoldina, devo lembrar que a primeira foi um centro cultural de vanguarda na
província de Minas (do que dava testemunho, desde logo, a modernidade do seu
colégio), sendo de relevância para o Modernismo mineiro o grupo congregado em
torno da revista Verde. Já Leopoldina era conservadora e, ainda nos
50, infensa ao Modernismo.
Assim,
na tranqüila cidade mineira que acolhe os ossos de Augusto dos Anjos, minha
iniciação se fez com fulcro no Romantismo-Parnasianismo-Simbolismo, sendo
Castro Alves e Bilac as duas influências avassaladoras dessa primeira fase, que
me marcou para toda a vida.
Aprendi
a metrificar.
Bom
ou mau?
(Antes
de continuar, preciso admitir, num parêntese, ser discutível pudesse a escolha
de colégio e cidade influir tão determinantemente em minhas opções estéticas. Como visto, o clima
romântico-parnasiano-simbolista estava em minha pré-formação, combinava com o
meu temperamento e com as inclinações que em mim já se revelavam.)
Tradição e Modernidade
O culto aos
valores tradicionais não é incompatível com a modernidade. É, antes, ao que me
parece, indispensável para um modernismo conseqüente, sabedor do que faz, e não
meramente iconoclasta.
Sobejamente
conhecida é a afirmação que podemos revestir nesta máxima: “É preciso conhecer
para romper” — aplicável especialmente à literatura e às artes. Modernismo e vanguarda não são sinônimos de
ignorância...
É,
aliás, a lição de Manuel Bandeira que o poeta, moderno embora, há de passar
pelo verso tradicional, de haurir destreza nas técnicas e estéticas dos
“clássicos” — isto é, dos grandes poetas do passado, qualquer que tenha sido a
sua escola (permitam-me usar a palavra, cuja radical exclusão do vocabulário da
crítica e da historiografia literária seria, creio, um equívoco e um
empobrecimento).
Quase
diria que, sem essa educação na arte antiga, grandes e inevitáveis prejuízos
terá o poeta. Mas tentarei ser coerente
na aversão ao radicalismo...
Houve
em nosso Modernismo poetas —dos maiores— insuficientemente versados na prática
daquela arte, e mesmo poetas incapazes de metrificar (seria o caso de Oswald de
Andrade). Em contrapartida, a maior parte dos nossos modernistas de categoria
superior foram ou são exímios versejadores, familiarizados com todas as
técnicas: Bandeira, Mário de Andrade,
Drummond, Cassiano Ricardo, Jorge de Lima, Cecília Meireles, Henriqueta Lisboa,
Vinícius... João Cabral também o será, tendo sua versificação raízes antes
medievais do que renascentistas. Anote-se, ainda, que a Geração de 45,
capitaneada pelo nosso Domingos Carvalho da Silva, e com exemplos num Lêdo Ivo,
num Péricles Eugênio da Silva Ramos, adotou sempre atitude de não exclusão
entre o antigo e o moderno, sabedora de que este se nutre daquele, e de que a
veneração ao primeiro não é óbice à conquista do segundo — sendo-lhe, em geral,
condição.
Por Quê Poesia?
Ponho de novo a
questão: por quê poesia?
Adolescente,
senti-me fortemente chamado pela poesia.
Antecipei, há pouco, duas razões para isso: imitação e desejo de realização. Mas acho que poderia, deveria acrescentar
algo.
Sou
tentado a dizer que, surgidos inexplicavelmente em meu cerne, em minha alma, em
meu espírito, embalavam-me movimentos, vibrações que, se bem que inefáveis,
reclamavam expressão — uma exteriorização em forma que as reproduzisse por
aproximação, ou melhor, uma recriação, que em algumas organizações assume a
forma de música, em outras, uma forma plástica, e em mim assumiu a forma de
poesia. Isto, que a alguns pode soar
fantasioso, a mim me parece bem próximo da verdade — e se me mostro, aqui, um
tanto reticente é porque não sou capaz de levar às últimas conseqüências, isto
é, à origem, a análise do processo.
Há,
todavia, para o fenômeno poético, pelo menos outra explicação possível, e não
posso omiti-la. Tratar-se-ia de simples catarse, válvula de escape à pressão,
às vezes excessiva (principalmente na adolescência), de sentimentos de angústia
ou de frustração.
Ora,
a realidade é que não costumam ser encontrados na natureza os princípios puros,
isolados. A meu ver, todos os elementos
enunciados, e talvez ainda outros que no momento me escapem, estão na raiz do
fenômeno poético; não obstante, apenas
um o define: aquele movimento, aquela
vibração a que me referi — combinado, decerto, ao veículo de sua
exteriorização, ao corpo poemático, este sim, mais fácil de estudar; e que por isso mesmo, não raro, estudamos
como quem, para conhecer a estrutura do pássaro, o dissecasse, assim lhe
interrompendo o vôo e a vida. Corpo e alma, pois, que se manifestam juntos,
inseparáveis; conjunto, porém, de que a
inteligência pode extrair, destilar o princípio vital.
Esse
princípio, comum à literatura e às artes, é natural que o estudemos na sua
manifestação física, quer dizer, no seu corpo — plástico, musical, verbal.
Escamoteá-lo, para contornar a dificuldade, senão impossibilidade de o
rastrear, ou negá-lo, por prévia convicção filosófica, leva fatalmente a
distorções e necroses.
A
esse princípio se tem dado o nome de inspiração.
Presença de Minas
Voltemos
a Minas...
De
Leopoldina carrego, eternas, duas marcas. Uma, literária: a disciplina do verso, um certo universalismo
poético (e aqui, já que falo de poesia, tenho de deixar inscritos os nomes de
dois mestres — Geraldo de Vasconcellos Barcellos e Lydio Machado Bandeira de
Mello). A outra, vital: a das primeiras
sérias definições afetivas fora do âmbito familiar — amizades indeléveis, a me
ligar a outros jovens de então, professores, o povo, o próprio clima de uma
cidade para sempre viva e dourada na memória.
Quando,
ultimados os preparatórios, fui afinal para o Rio de Janeiro, levava na bagagem
grande número de poemas e variada experiência nas técnicas versíficas
predominantes até as vésperas do Modernismo (com este só me encontraria, de
verdade, em solo carioca). Ia, pois,
—permita-se ao insistente aprendiz recordar ainda uma vez o grande mestre—
iniciado na poesia e na vida.
Os Caminhos
A coletânea
improvisada sob o título Amostragem
Poética, de modo especial na primeira parte, “Balizas de um Caminho”,
sintetiza o roteiro seguido por minha poesia, dos inícios românticos ao
Modernismo. Nela deixo representadas
todas ou quase todas as fases.
Minhas
primeiras tentativas de poema resultaram em fracasso ou, no melhor dos casos,
em medíocre prosa ritmada, de que me lembra uma única frase: “Da cachoeira
ouvia-se ao longe o rugido monótono”... “Um Olhar”, de feição
romântico-simbolista, com evidente ascendência castro-alvina, foi o primeiro
poema bem-sucedido.
“Utopia”
mantém o tom romântico.
“Navegação”,
reescrito após 17 anos, soa-me parnasiano-simbolista.
A
leitura dos clássicos côa-se pelo tom e pela linguagem de “Dia Após Noite”.
Já
“O Cemitério de Elefantes” é nitidamente parnasiano.
“As
Cigarras Estão Cantando Novamente”, polimétrico, é um marco na difícil
transição para o verso livre, que já considero presente em “O Tocador de Realejo”.
Em
“Labirinto”, novamente, influência dos clássicos do idioma, desta vez com boa
dose de afetação.
Nossa
popular quadrinha setissilábica está representada em “Trova”.
Da
segunda parte, “Alguns Poemas sobre Poesia”,
“Gênesis” é ainda romântico, no sentido mais amplo da palavra; seus eneassílabos parecem-me devedores
daqueles outros, infinitamente maiores, d’A
Cinza das Horas, de Manuel Bandeira:
Eu faço versos como quem
chora
De desalento... de
desencanto...
Fecha
o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de
pranto ,
com aquele final
esplêndido:
—Eu faço versos como quem
morre.
“Fácil” exemplifica a fase violão-de-rua.
“Torre
de Babel” toma, adaptando-os ou não, quase todos os seus versos de outros
poetas.
Em “Babélica” e em “Tangente”, a presença do Concretismo,
criticamente considerado e livremente utilizado, não como imposição
vanguardeira, mas como uma caixa a mais de instrumentos expressivos. Em
“(A)mar(o)”, o título é uma construção sintética, em código, cujo desdobramento e decifração vêm no último
verso.
“Telex”
e “Multímoda” são duas meditações acerca do fenômeno poético, a primeira uma
composição em verso livre, a segunda um soneto decassilábico, ícones da medida velha e da medida nova que alternam, sem altercar, em minha poesia.
Finalmente,
na terceira parte, “Livre Escolha”, em que se confirma essa alternância, reúno
alguns poemas de minha preferência.
Submeto-os todos, bem como as observações que tenho avançado,
ao debate e à crítica.
Com
a palavra os amigos.
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